Trabalhadores da Zona Franca de Manaus são considerado prioridades na economia amazonense "Sem eles nada aconteceria"
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Trabalhadores da Zona Franca de Manaus são considerados os pilares da economia amazonense
A Zona Franca emprega hoje 109.807 trabalhadores, que atuam no maior polo empregatício do Amazonas
Trabalhadores da produção de fábrica em Manaus Foto: Divulgação
Manaus (AM) – “Sem eles nada aconteceria”, assim ilustra o ex-deputado estadual e economista Serafim Corrêa, ao comentar a importância dos trabalhadores da Zona Franca de Manaus (ZFM), que celebram neste 1º de maio, o Dia do Trabalhador.
A Zona Franca representa um dos principais pilares trabalhista no Amazonas. O polo industrial emprega hoje 109.807 trabalhadores, de acordo com os Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus (PIM) da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), divulgados no final do ano passado.
Oportunidades para todos
Atuando há mais de 10 anos na Zona Franca de Manaus, o industriário Regner Filho, empregado na Samsung Eletrônica da Amazônia LTDA, conseguiu ascensão profissional, após se dedicar e se qualificar na empresa.
“Comecei a trabalhar no distrito em 2014, estou completando 10 anos este ano dentro da empresa. Iniciei como operador de logística e em dois anos ‘ralando muito’ fui promovido para supervisor e desde lá não parei mais”,
disse o trabalhador.
O profissional acredita que atuar dentro do Polo Industrial é gratificante, tendo seu trabalho valorizado e sendo respeitado socialmente por sua atuação. “Emprego no distrito é um trabalho respeitado pela população amazonense. No meu ponto de vista, acredito que o polo industrial de Manaus é responsável por movimentar a economia do Amazonas”, conta.
Gérson Sobreira, 41, começou a atuar no distrito industrial há 20 anos como menor aprendiz, após fazer um curso profissionalizante. Ele foi incentivado pelo pai para buscar profissionalização no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e, depois de fazer o curso de ferramentaria, trabalhou em algumas empresas do PIM, encontrando-se atualmente na Samsung.
“Comecei minha carreira na indústria em 1997, como menor aprendiz, por meio de um curso profissionalizante que eu fiz no SENAI. Eu fiz o curso por conta do meu pai, ele me incentivou a fazer esse curso profissionalizante. Comecei com 17 anos como aprendiz e hoje estou com 41 atuando dentro no distrito. Aprendemos muitas coisas nas empresas, que trazemos para nossa vida pessoal, como tecnologia, inovação e segurança, além de regras e normas. ”
Para Sobreira, os trabalhadores da Zona Franca são respeitados no âmbito social amazonense.
“As pessoas veem os profissionais que trabalham no distrito, como respeitadores das regras, que cumpre os horários e cumpre a conduta social. As empresas têm a fama de pagar em dia. Posso dizer que nós somos respeitados por sermos trabalhadores do distrito. O distrito industrial de Manaus gira a maior parte da economia do Estado. Então a importância é gigantesca”,
conta.
Pensando nesse cenário de qualificação e evolução, a inclusão de pessoas com deficiência (PcDs), neste mercado de trabalho tem avançado. Essa mão de obra de PcDs ganhou força principalmente no setor de duas rodas do PIM.
A cada ano as empresas do setor de duas rodas, do PIM, investem na mão de obra dos PcDs. Muitas das instituições privadas afirmam que estes colaboradores são dedicados e merecem o posto de trabalho.
Mary Jane de Silva, 42, atua no cargo de operador 2, no setor de embalagem da Yamaha. Ela conta que sua primeira oportunidade de emprego foi dentro da fabricante de motocicletas. Silva conta com muito orgulho do cargo que conquistou, mesmo com a deficiência auditiva.
“Tal condição nunca foi limitante para mim devido ao acolhimento que sempre recebi dos demais colaboradores da empresa. Todos sempre foram muito solícitos, buscando ajudar na comunicação e contornar dificuldades nas limitações”,
destaca.
Makson da Silva, operador de produção do setor de solda da Audax, atua na fábrica há um ano. Ele perdeu alguns dos dedos em um acidente em outro trabalho, mas por sempre ser ciclista, tinha o sonho de trabalhar numa fábrica de bicicleta. “A paixão pela bicicleta me motivou e hoje sou um trabalhador que monta as bicicletas para muitas pessoas. ”
O atleta vai todos os dias de bicicleta até ao trabalho, do bairro Coroado, na Zona Leste de Manaus, até o bairro Tarumã-Açu, na BR-174. Ele chega antes do seu horário e fica aguardando até começar os trabalhos.
Silva destaca que atualmente é muito difícil conseguir um trabalho como PcD, dependendo da sua deficiência. Outro fator como barreira é a questão da idade.
“A empresa onde eu estou não viu a idade e me colocou em um local que eu consiga fazer minhas atividades, sabendo das minhas limitações. E isso me motiva mais trabalhar a exercer as atividades”,
revela.
O economista Assis Mourão Junior acredita que os trabalhadores do PIM precisam se qualificar para acompanhar a modernização das empresas.
“Estamos em um momento da indústria 4.0, onde a automação é muito mais mecanizada, há uma necessidade de qualificação dos trabalhadores. Há uma necessidade que os trabalhadores entendam de automação. ”
Industria 4.0
Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial é o sistema que engloba tecnologias de automação e conexão de dados, buscando alavancar a produtividade a partir do uso da tecnologia e da inovação.
Michele Aracaty, economista doutora em Desenvolvimento Regional e docente do Departamento de Economia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), identifica que essa tecnologia de modernização não será responsável pela perca de empregos.
“O que precisamos acompanhar é a necessidade constante de qualificação por parte da mão de obra produtiva do Polo Industrial de Manaus para o processo de operacionalização de máquinas e equipamentos mais modernos e sofisticados, bem como para correto uso dos dados gerados nos equipamentos”,
esclarece.
Valorização
Em nota, a Samsung pontua que a empresa atua na valorização e qualificação dos colabores, atuando também em ações para melhorar o ambiente de trabalho.
“Na Samsung, valorizamos nossos funcionários acima de tudo. Estamos empenhados em fornecer aos colaboradores oportunidades que contribuam para que possam atingir todo o seu potencial. Temos, como premissa, manter uma força de trabalho feliz e engajada e, para isso, como uma de nossas iniciativas, anualmente fazemos uma pesquisa cultural e de engajamento global e definimos as principais ações para melhorar nosso ambiente de trabalho”,
diz.
Roberta Veras, educadora financeira e consultoria de gestão empresarial, considera socialmente relevantes os funcionários que trabalham na Zona Franca. Ela analisa que além deles contribuírem com a economia amazonense, os trabalhadores atuam de forma indireta na proteção ambiental.
“São profissionais qualificados e preparados que contribuem para o desenvolvimento sustentável da nossa região amazônica tanto para o nosso estado como para exportação de produtos para outros locais do Brasil e do mundo. Eles merecem todo nosso reconhecimento, admiração, pela sua jornada de trabalho, pelo seu conhecimento técnico, pela sua movimentação na economia, porque eles contribuem ativamente para que circule o dinheiro na sociedade. ”
“A zona franca é um dos pilares que contribuem para que nós tenhamos empregabilidade dentro da nossa região, assim como o comércio também relevante e importante para a nossa sociedade ter uma empregabilidade maior e menor crise econômica”, conclui.
*EmTempo
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